Dedico este post a uma "amiga" virtual, Sofia Pina, que lutou durante 20 anos contra a infertilidade. Perdeu as suas gémeas com 20 semanas de gestação e ainda assim não baixou os braços. Hoje tem a sua Martinha nos braços e é o maior exemplo para todas as que como eu, lutamos contra a infertilidade e conhecemos de cor os seus efeitos! Um grande beijinho para ela, és a maior!
“Há dias assim, não há que esconder
Recear palavras, amar ou sofrer
Ocultar sentidos, fingir que não há
Há dias perdidos entre cá e lá...
Sei que um dia saberás que a vida é uma só
Não volta atrás
Quem nos pôs assim?
A vida rasgada
Quem te me levou? Roubou-me a alma
Mas de ti não sabe nada..."
(Filipa Azevedo – Há dias assim.)
A espera é longa, sombria, desesperante, traz duvidas, incertezas...a espera mata-nos pouco a pouco, assombra-nos os pensamentos e turva-nos a esperança! Esperar...esperar...pelas consultas, pelo início de um novo ciclo...esperar que a menstruação apareça (ou que não apareça), esperar que exista vaga para nós naquele mês, esperar pelo início dos tratamentos, esperar pelo dia da ecografia, esperar que se tenham desenvolvido os folículos com o tamanho mínimo exigido...esperar que não existam mais do que duas punções no dia marcado (pois o laboratório apenas faz duas inseminações ou punções por dia. No Serviço Público é assim!), esperar pelo dia da inseminação, esperar no mínimo 12 dias antes de fazer o teste, esperar que apareça um positivo...e continuar a esperar...ciclo após ciclo, com o coração cada vez mais apertadinho! Alguém me ensina como lutar contra o diagnóstico de "Infertilidade Inexplicada"? O tempo não pára e a vida não espera! Estou próxima de completar 39 anos e não sei até onde poderei ir no serviço público! Não há dinheiro para tratamentos no particular, os custos são elevadíssimos sem garantia de sucesso...fazer o quê? Continuar à espera...há dias mais difíceis que outros (hoje é um exemplo de dia menos bom), são anos, meses de espera...a infertilidade dói, dói sim, e é uma dor imensa que não consigo traduzir em palavras...o olhar fica perdido por entre tantas mulheres grávidas que se cruzam comigo diariamente, não consigo esconder o sentimento de inveja que me assalta, e sinto-me a pior pessoa do mundo por isso! A espera vai continuar...até quando? Até que se me esgotem as forças, até lá resta-me continuar a acreditar que este Amor, este Amor imenso que trago no meu coração, um dia estará nos meus braços e a gritar ao mundo que valeu a espera!